
Instado pelo fotógrafo Otto Stupakoff a desenhar um sofá onde pudesse esparramar-se, Sergio misturou o jacarandá a almofadões de couro. Foi necessário um prêmio — o primeiro lugar no 4º Concurso Internacional do Móvel, em Cantu, na Itália, em 1961 — para despertar o interesse dos brasileiros pela poltrona.
Passados 50 anos, a Mole virou um clássico do design brasileiro. Quem quiser ser abraçado por ela não desembolsa menos de R$ 5 mil [veja onde encontrar a peça] — na Inglaterra, um par da poltrona com pufes sai por 9.950 libras, o equivalente a R$ 35,5 mil.

"... Ah, a Poltrona Mole! Quem nunca se sentou numa não sabe o que é...; perdão, na poltrona Mole não se senta, refestela-se, repimpa-se, repoltreia-se. É um regaço de jacarandá, tiras de couro e almofadas, que entrou para a história do mobiliário brasileiro na mesma época, e com a mais força expressiva, da Bossa Nova. Como também fez sucesso no exterior, com o nome de Sheriff Chair, as comparações com "Garota de Ipanema" e Brasília não puderam ser evitadas. Um dos emblemas do fastígio cultural que o Brasil viveu nos anos JK, quando vencemos duas copas do Mundo e inventamos um samba diferente, a revista "Senhor" e o Cinema Novo. A Poltrona Mole foi a resposta que tínhamos para dar à tirania de Bauhaus. Uma Garrincha de quatro pernas driblando o racionalismo teutônico."
Sergio Augusto
Jornalista, O Globo, 6 de setembro de 1997